domingo, 17 de agosto de 2008

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- O que é que ainda aí estás a fazer?
A Madalena tem um dom natural para ouvir os nossos problemas e apresentá-los de uma forma em que tudo parece muito mais simples, talvez por isso tenha sido a primeira pessoa a quem contei o que se passava lá no trabalho.
O meu patrão é um amigo de família e sempre tive algumas problemáticas com a mania que ele tem de se enrolar às claras com moças do escritório sabendo perfeitamente que eu estou habitualmente com a mulher dele… mas como eles levam a sua vidinha não era da minha conta… Pelo menos até a Clara se ter ido embora no final de Abril.
A idade já lhe deve pesar no juízo, só pode, porque quando se viu sem o brinquedo do costume lembrou-se de começar a mandar bocas e indirectas na minha direcção.
De há umas semanas para cá passou dos piropos a roçar o ofensivo para uma abordagem mais “mão na massa” …
Já trabalho lá há alguns anos e sempre pensei ser imune a essas porcarias por ser filha de um amigo de longa data… aparentemente isso agora é irrelevante.
Fosse em qualquer outro lado eu já me tinha vindo embora há que tempos mas assim há toda a problemática de explicar porque é que me despedi e ainda me arrisco a que as coisas cheguem ao ouvidos da D. Luísa que não está em condições para lidar com as merdas do marido.
Ontem passou todos os limites e na mesa de reuniões passou-me a mão pela perna. Quando os outros se foram embora disse-lhe directamente que não achava piada nenhuma às liberdades que ele estava a ter comigo e que não lhe admitia mais comportamentos daqueles.
Riu-se e atirou-me um “então, Aninhas…” condescendente e saiu do escritório a rir-se, o porco.
Por sorte ou por azar exactamente nessa altura tocou o meu telemóvel. Ainda do outro lado a Madalena não tinha acabado de dizer “então?” já me tinham saltado as lágrimas de fúria. Detesto ser assim… salta-me a tampa e abro logo as comportas da barragem.
- Só te fazia bem começares a procurar outra coisa. – insistiu ela do outro lado da linha.
Eu sei. Eu sei isto tudo, todas as razões e argumentos.. mas como vou eu explicar a mudança de emprego.
Chateia-me solenemente que me andem a encher um blog que almeja um dia vir a ser pseudo-semi.porno com estas parvoíces.

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