domingo, 16 de novembro de 2008

Olá, muito prazer, sou a Ana

O que é que eu tenho feito ultimamente?
Eu digo-vos o que tenho feito ultimamente… Tenho conhecido gente. Muita gente.
Vamos lá começar.
Temos a D. Ermelinda que é a empregada de limpeza lá do escritório e que fez anos a semana passada e me ensinou que nódoas de tinta de esferográfica se tiram deixando a saia de molho em leite e depois esfregando com um paninho com vinagre.
Conheci a Susana que é uma das advogadas lá do escritório e que só pode ter dupla personalidade porque quando está com clientes ou tem lá a filha utiliza uma linguagem correctíssima… quando estamos só nós a cada 3 palavras sai um palavrão e de cinco em cinco minutos pede desculpa, que aquilo ainda são as influências da terra onde nasceu, cujo nome se me escapa agora…
Conheci a D. Juliana que é outra advogada lá do escritório. Quando tiver mais confiança com ela hei-de perguntar-lhe que drogas é que ela toma logo pela manhã para entrar pela porta a dentro com um “bom dia juventude” e andar sempre com o nível energético de um ratinho que tomou speeds.
Conheci as “elas”. A Daniela e a Gabriela que também lá trabalham e são quase da minha idade. Já sei que no natal vou receber qualquer coisa feita pela Gabriela porque a moça anda sempre com as agulhas e as lãs atrás dela e faz gorros e luvas e cachecóis para toda a gente.
A Madalena fez anos (já vai nos 28, a cota…) e houve festa cá em casa no sábado e eu fiquei a conhecer o Miguel, o Pedro, a Flávia, a Catarina e a Filomena.
O trabalho está a correr bem, já sei os cantos à casa, já sei mexer com as máquinas todas, já reconheço a voz de alguns clientes ao telefone e até me foi dado um telemóvel da empresa, olhem só o luxo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu já estava a estranhar...

-Trazes-me uma toalha? - a voz soou bastante mais distante do que o andar de cima, mas nem pensei duas vezes. Subi a escada, fui ao armário e tirei um toalhão grande, azulão.
A casa de banho estava cheia de vapor, quase não se via nada e ainda tive de andar ás apalpadelas para encontrar o lava-mãos para deixar a toalha.
-Não vais tomar banho? - perguntou ela atrás de mim, quando acenei que sim com a cabeça continuou num tom de voz ligeiro – Então porque é que só trouxeste uma toalha?
Virei-me e dei de caras com uma Madalena muito despida a entrar para a banheira. Fiquei parada alguns segundos com uma sensação de dejá vu até que me apercebi que continuava a olhar para ela e deixei cair os olhos no chão.
Ela pareceu não ter notado e mergulhou-se na água quente até ao pescoço. Estendeu a mão e perguntou com ar intrigado “então, não vens?”.
Ahhh.... eu já estava a estranhar a falta de sonhos pseudo-porno com a rapariga.... Até cheguei a pensar que agora que estavamow a viver na mesma casa que o meu subconsciente tinha resolvido as problemáticas que tinha e seguido em frente. Ah! Qual era a piada disso?
-Então, não vens? - lá estava ela, a olhar para mim, à espera que eu me fosse enfiar na banheira como se fosse a coisa mais normal do mundo. E era... não fosse o meu olhar insistir em cair um pouco abaixo do pescoço da moça, não fossem as minhas bochechas estarem a ficar vermelhas e o meu coração ter começado a bater com uma força desmedida e uma vozinha na minha cabeça se deliciar em lembrar-me quão bonita eu a achava. E ela a olhar para mim, à espera.
Respirei fundo, decidida a ignorar aquelas palermices e despi-me rapidamente. A água estava um pouco mais quente do que a temperatura a que eu estava habituada e fiquei aliviada porque tinha a desculpa perfeita para o rosado intenso das minhas bochechas.
Sentei-me na banheira com muito cuidado para não tocar na gaja nua que já la estava mas era praticamente impossível... a banheira não era assim tão grande e acabei por ficar mesmo encostadinha a ela.
Que parvoíce, vê lá se te comportas, Ana Maria. Mas deu-te agora para isto, foi? Sim, é a Madalena na banheira contigo, e então? Não tomaste já dezenas de vezes banho com a tua irmã? É a mesma coisa, estás aí toda envergonhada para quê....
- Estás bem? - o meu monologo interno foi interrompido por uma voz preocupada.... por uma voz preocupada a escassos centímetros da minha cara e a aproximar-se cada vez mais... oh santa pipoquinha, o que é que ela está a fazer???
- Estás tão vermelhinha, estás com febre? - perguntou ela encostando a sua testa à minha.
Qualquer resposta que lhe podia ter dado ficou caladinha em mim quando dei por mim a inclinar a cabeça e a pousar os meus lábios nos dela.
Alerta vermelho, alerta vermelho. Anita.. o que é que tu acabaste de fazer??? Rápido, inventa uma desculpa qualquer, finge um ataque de epilepsia, espuma da boca... qualquer coisa!
Abri os olhos à espera de ver uma Madalena confusa, zangada até mas o que vi foi um sorriso malandro. Tentei dizer alguma coisa mas ela inclinou-se para a frente e deu-me um beijo longo e quente e.... bom, bom, bom.
A sensação de ter o seu corpo completamente nu encostado ao meu era electrizante. Estava consciente de cada centímetro de pele, de todos os seus movimentos. Quando os beijos passaram para o meu pescoço arrepiei-me com cada uma das suas respirações e todas as vozes da minha cabeça se calaram para apreciar melhor o momento.
Perdi-me nas suas carícias e enchi-a de beijos sem medo.
Foi com muito mau feitio que desliguei o despertador que me arrancou do quentinho do meu sonho.
Eram sete horas e era o meu primeiro dia no meu novo trabalho.
Espreguicei-me e ri-me de mim própria e das problemáticas que tenho enquanto durmo. Tenho cada sonho mais escaganifobético... enfim...
Upa, toca a levantar para vestir e arranjar tudo com calma e sem stresses.
A roupa já estava escolhida de véspera e a malinha preparada.
Saí do quarto pé-ante-pé tentando não fazer barulho nenhum para não acordar a Madalena que ainda devia dormir a sono solto no piso de cima.... ia-me caindo o coração aos pés quando a vi na cozinha, a encher duas chávenas de chá.
-Isto é como o primeiro dia de escola, tinha de ver se tomavas o pequeno almoço como deve de ser e se ias bem arranjadinha – disse ela, sorridente de mais para as sete e meia da manhã.
Era demasiado cedo, eu ainda estava demasiado ensonada e o cérebro ainda não tinha acordado completamente do sonho que estava a ter... dei por mim a corar e a gaguejar qualquer coisa sobre ter de ir lavar a cara.
Voltei 10 minutos depois, já penteadinha e compostinha e tomei o pequeno almoço com ela.
Saí de casa com a estranha sensação de ter sido apanhada a mexer no pote das bolachas....

domingo, 2 de novembro de 2008

Já sou uma senhora!

Um dos melhores aniversários de sempre.
Os papás esmeraram-se nas prendas (“é para o que precisares para a tua casa nova, está bem?”), a mana deu-me duas saias e uma camisola muito catitas. Os avós foram muito generosos também. A Ana consumista saiu do jantar de ontem muito feliz. A Ana menos fútil pensou na fome e desejou paz no mundo enquanto trincava uma das velinhas do bolo. A sério!
Agora vem a parte interessante... em que artigos do lar vou eu gastar as minhas prendinhas.. é que se for como o ano acabo por comprar artigos que não fazem propriamente parte de um enxoval tradicional... Hum... por acaso tenho uns quantos brinquedos na minha wishlist... quem sabe.
A viagem para casa fez-se bem.. tirando ter saído na saída errada na auto-estrada e ter-me perdido duas vezes para desespero da Sandra que passou a ultima hora da viagem aflitinha para ir à casa de banho.
A tarde foi passada na galhofa e a preparar o jantar.
A conversa estendeu-se até às 3 da manhã, altura em que já só se aguentavam de olhos abertos eu, a Andreia e a Madalena.
Eu e a Andreia estivemos a tentar arrancar informação acerca do moço que anda agora arrastar a asa à nossa menina (“qual arrastar a asa? São só uns enrolanços!”). Ficámos a saber muito pouco. É sempre muito reservada em assuntos do coração... nem os “deixa dji frescura, minina” da Andreia lhe soltam a língua.
A Andreia esteve a por-nos a par das ultimas novidades acerca do seu novo namorado que já está em vias de o deixar de ser porque aparentemente geme como uma gaja na cama e ela tem de fazer um esforço enorme para não se desatar a rir, o que não a deixa concentrar-se em condições.
Ai.. os 25 anos não me vão deixar saudades, tiveram uns meses lixados, mas foi um bom ano. Um ano de andar para a frente.
Que venham agora os 26 que eu cá estou para ver o que me reservam.