quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sai uma Madalena para a mesa do canto

-O que é que estás aqui a fazer?
- Está a chover torrencialmente – disse-me ela enquanto me pingava o chão da sala. Pela janela vi um dia lindo de sol mas não estranhei as gotas grossas que lhe caiam do cabelo.
Tirou o casaco ensopado e pousou-o na cadeira. Descalçou-se e pediu-me uma toalha.
Fui buscar a toalha à cozinha e quando voltei ela estava a tirar a camisola. Parei e pensei em voltar para trás num súbito ataque de decência mas os meus pés recusavam-se a mover-se para a frente ou para trás.
Como se se tivesse a sentir observada ela virou-se e olhou para mim. Afastou um cabelo que se colava teimosamente à sua testa e disse-me que eu também me devia despir porque ainda apanhava uma constipação. Eu não estava molhada… nem sequer tinha saído de casa mas achei que não devia contrariá-la.
Entrei no quarto para ir buscar roupa para as duas mas as gavetas estavam todas cheias de água.
Ela entrou, de soutien e calças já meio desapertadas e espreitou por cima do meu ombro para dentro dos aquários que eram as minhas gavetas.
Ora… mobília inundada e uma Madalena semi-despida são duas coisas claramente indicativas de que estava a sonhar, mas na altura tudo me pareceu absolutamente normal.
-Não faz mal – e encolheu os ombros com indiferença - de qualquer forma na cama não chove.
Voltei a fechar as gavetas com cuidado para não entornar a água para o chão e estendi-lhe a toalha.
Ela limpou-se e depois meteu-me a toalha pelas costas, apesar de eu estar completamente seca e vestida. Ficou ali alguns segundos à minha frente enquanto eu fazia um esforço enorme para olhar para o tecto e para as paredes… para qualquer lado menos para a mulher semi-nua que estava à minha frente.
Ela pegou-me na mão e dirigiu-se para a cama.
“Não te vais deitar com essa roupa assim, pois não”- perguntou ela enquanto se enfiava entre os lençóis.
E depois já não estávamos no meu quarto mas na sala novamente e eu já só tinha a toalha enrolada à minha volta e ela estava inclinada a olhar pela janela.
A luz que entrava fazia brilhar as pequenas gotas de água que ainda se agarravam à sua pele e ela estava ainda mais bonita. Olhou para mim e tive a nítida sensação de que ela sabia o que eu estava a pensar. Endireitou-se e veio até mim. Parou à minha frente, a dois passos e ficou quieta. Era impossível não olhar para ela. Não consegui impedir que os meus olhos escorregassem do seu rosto para o seu pescoço e continuassem a descer.
Ela deu um passo em frente.
O meu coração estava a bater tão depressa que comecei a sentir-me levemente tonta.
Ela deu outro passo em frente.
Estava praticamente colada a mim e eu tinha os olhos pregados ao chão. Achei que se olhasse para ela naquele momento era impossível ela não saber que a queria. Queria toca-la, sentir-lhe a suavidade da pele, o contorno dos seios.
Senti a mão dela agarrar a minha. Puxou-me um bocadinho e fiquei mesmo encostada a ela. Era impossível ela não sentir o meu coração que parecia querer sair do meu peito.
Com um puxão decidido atirou a toalha para o chão e fez-me uma festa no ombro que escorreu pelo meu braço deixando-me completamente arrepiada. Enlaçou os dedos nos meus e deu-me um beijo quente na bochecha. Susti a respiração e perdi-me na sensação de a ter tão perto.
Agarrou-me a cara e fez-me olhar para ela. Tentei desviar o olhar mas ela disse-me baixinho “olha para mim”.
Quando os nossos lábios se tocaram estremeci… senti-me leve demais para me aguentar em pé, leve demais para existir ali e que a única coisa que me prendia àquela realidade era ela.
Ela desceu as mãos da minha cara para o meu pescoço, depois para os meus ombros e quando me tocou ao de leve na mama direita enquanto me puxava pela cintura encostando-se completamente a mim não consegui evitar o suspiro de prazer que se escapuliu dos meus lábios.
Ela riu-se e voltou a beijar-me.
A língua dela na minha boca despiu-me de toda a vergonha que sentia e passeei as mãos pela frescura da sua pele.
Tropeçamos até ao sofá e quando ela se deitou em cima de mim…
Levantei-me de repente, de respiração acelerada e coração a bater descompassadamente.
Olhei para o relógio e passava pouco das seis da manhã. Tentei acalmar-me mas parecia-me que ainda lhe sentia o quente dos lábios nos meus. Foram precisos vários minutos para me convencer de que estava sozinha no meu quarto… e quer-me cá parecer que fiquei levemente desapontada.
Oh santa pipoca… os meus sonhos andam a subir significativamente de interesse mas começam a deixar-me um bocadinho desaustinada…

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