sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Em casa dos papás

De volta à terrinha.
A minha mãe parece que não me vê à 2 meses. Anda de volta de mim a perguntar se eu preciso de alguma coisa, se estou com fome, se quero que me traga alguma coisa. È o que eu digo.. quanto mais longe eu estou mais eles gostam de mim. A distancia faz maravilhas pelo meu relacionamento com os meus pais.
Todos querem saber como me estou a dar, se tenho muito frio lá para cima, se não estou a chatear a Madalena.
Estou muito bem, obrigada. Não tenho tido frio porque a casa é bem mais quentinha do que o meu antigo apartamento. Acho que não estou a chatear a Madalena até porque durante a semana mal lhe meto os olhos em cima. Além disso depois de tanta conversa acerca de ser uma casa muito grande só para ela e que gostava de me lá ter e “tem algum jeito ires alugar casa com tanto espaço aqui” eu vou partir do pressuposto que não, não estou a chatear.
A minha mãe deve achar que lá para cima não há hipermercados porque me preparou cinco (sim, cinco!) tupperwares de comida para eu levar amanhã.
Hoje há jantar cá em casa com a famelga toda para celebrar antecipadamente o meu aniversário e amanhã de manhã volto para perto do berço da nação com a Andreia, a Sandra, o Fábio e o Marco a reboque para irem todos conhecer o palácio e celebrar esse dia tão especial para o mundo que é o dia 1 de Novembro.
Os meus 26 anos parecem-me promissores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

4º dia

É oficial, acabei as arrumações. Descobri que trouxe um saco de lixo a passear. Pormenores.
Fui às compras sozinha (um pequeno passo para a humanidade mas um salto em comprimento de 4 metros para mim) e atulhei a cozinha de porcarias para o jantar de sábado.
Fui ao escritório onde vou trabalhar conhecer as pessoas e falar um bocadinho com o Sr. Cardoso. Parece-me um ambiente calmo e profissional e fiquei muito bem impressionada. Vou começar na segunda-feira.
Vegetei em frente à televisão durante grande parte da tarde.
A minha vida tem sido uma animação.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

2º dia

Hoje andei a tirar ervas daninhas da estufa!
Sim, eu vivo numa casa com uma estufa, estou feita uma lady! Uma lady que enche as unhas de terra, mas uma lady!
As caixas já estão quase todas arrumadas e já não acordo desorientada sem saber onde é que estou.
Hoje fui eu que fiz o jantar e quase que não tive de perguntar onde estavam as coisas.
Estou quase em casa.

domingo, 26 de outubro de 2008

1º dia

Acordei e demorei uns minutos a perceber onde estava. A janela estava do lado certo da minha cama mas a secretária estava do lado contrário e... o sofá não era suposto estar ali, pois não? E as paredes não eram desta cor...
Depois de bater com a mão na testa em jeito de “és mesmo parvinha, oh Ana, não te lembras de andares a carregar com sacos e caixas durante todo o dia de ontem?”. Quando saltei da cama as perninhas deram logo indicação que tinham melhor memória que eu... qual ginásio, qual carapuça! Mudanças, meus senhores, duas mudanças por semana e eu andava ali na linha!
Ignorei os músculos doridos e abri a porta. No longo caminho até à casa de banho pensei de mim para mim que a casa onde eu vivia cabia toda naquela sala. Olhei de soslaio para as caixas encostadas à parede da cozinha à espera que eu as arrumasse.
É impressionante como nos empacotamos com tanta facilidade. Eu sou a soma de 4 ou 5 caixas de livros, 2 caixas de postais antigos, cartas e fotografias, 4 caixas e alguns sacos grandes de roupa e mais umas 15 caixas marcadas com um enigmático “vários”.
Enquanto andava na cozinha a cirandar em busca de qualquer coisa para trincar ouvi barulho no piso de cima, não demorou muito a aparecer uma Madalena muito ensonada a cambalear pelas escadas a baixo.
-Então? - arrastou ela na voz de quem ainda estava meio a dormir – Dormiste bem?
Puxou uma cadeira e sentou-se com a cabeça apoiada nas mãos.
Dormi. Claro que dormi bem. Estava morta de cansaço e fui para a cama molinha, molinha do duche quente que tinha tomado. Nem me lembro do que sonhei, tão ferrada estava no sono.
Descobri um pacote de bolachas e fui-me sentar ao pé dela.
Ficámos ali, um bocado em silencio. Ela de boca fechada do sono e eu de boca cheia de bolachas.
A minha vida deu uma volta jeitosa neste mês.

Morta

De rastos. Toda dorida. Com duas negras nas pernas nada glamorosas, mas feliz.
Apesar de sermos 7 a carregar com as caixas e os móveis escadas a baixo demorámos quase duas horas a meter tudo na carrinha. Descer e subir 3 andares dezenas de vezes é dose. É impressionante a quantidade de tralha que eu acumulei naquela casa…
A descarregar éramos só quatro mas não havia escadas para subir, o que facilitou a coisa.
Mesmo assim entre descarregar, montar móveis e arrumar algumas das caixas passaram-se umas 6 horas fora a viagem.
Estou a escrever isto na cama no meu quarto novo, podre de sono e sem querer pensar muito nas caixas e caixinhas que ainda tenho para arrumar amanhã.
Queria apenas dizer que já cá estou.

sábado, 25 de outubro de 2008

Em jeito de despedida

Depois de ter passado o dia a encaixotar coisas adormeci ao som de reboliço na casa ao lado.
Ontem estavam ainda mais animados do que o costume. Pelo que me apercebi tinham um filme a dar e estavam a tentar acompanhar a acção por isso além de os ouvir a eles ouvi também a banda sonora. Infelizmente não era dobrado em espanhol e não tive direito a nenhum “oh si carino”.
Para me despedir em beleza do piso inteiro passei a noite a sonhar que estava a despir o vizinho do outro lado com a namorada a ver.
Aquilo ao princípio pareceu-me um bocado estranho, mas a rapariga estava com ar de quem estava a achar piada por isso entretive-me a aproveitar-me do rapaz. Às tantas já era eu que estava a vê-los aos dois…
Infelizmente o despertador tocou. Agora estou à espera que cheguem os meus ajudantes de mudanças. Hoje vou de abalada para a minha nova morada.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A vidinha corre-me bem

Ora tinha eu chegado a casa com o meu bolinhas novinho em folha… pronto, novinho em folha nas minhas mãos quando toca o telefone.
- Arranjo-te trabalho aqui, se quiseres. E garanto-te que o patrão não se mete contigo!
Dois minutos depois recebo uma mensagem do part-time a convidar-me para jantar.
Tradução, no mesmo dia passei a ter carro, trabalho e ainda dei uma queca no sofá de sala.
O meu bolinhas é um Opel em segunda mão todo catita.
Vou trabalhar como secretária num escritório de advogados em que o patrão, além de me ter parecido extremamente simpático ao telefone, não tem o mínimo interesse em mamas, abençoadinho.
Fui jantar uma bela massa carbonara com alguém que tem muito interesse em mamas em geral e nas minhas em particular e acabei a noite a comprovar isso mesmo em cima dele no sofá.
A vida corre-me bem.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Oh… a vergonha

Divirto-me imenso a observar as pessoas que compram preservativos no supermercado. São hilariantes as técnicas utilizadas para esconder a caixinha. Ora vai entalada entre outras duas embalagens, ora vai dentro do casaco ora enfiada no fundo do carrinho e soterrada em compras.
As senhoras das caixas também têm reacções interessantes.
Lembro-me de uma em particular que me perguntou se eu queria que ela embrulhasse a caixa e que ficou com um ar levemente chocado quando eu simplesmente respondi que não valia a pena porque não era para oferecer…

sábado, 18 de outubro de 2008

Eu vou é dedicar-me aos filmes xxx

Hoje sonhei que estava a ver porno. Sim, leram bem, sonhei que estava sentada na minha mesa da sala a olhar para o computador e a ver porno.
E foi um sonho profundamente realista porque o que estava a ver era rasco até dizer chega.
É triste que até em sonhos eu tenha dificuldade em arranjar porno decente…

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De volta a casa

Eu saio de casa uma semanita, uma mísera semanita e o jeitoso do 3º Direito arranja namorada.
Não tivesse eu a preparar-me para mudar de casa e ia ficar ofendida. Lá se vão os meus flirts de vão de escada, pá… Não me parece bem!
Felizmente os vizinhos do 3º Esquerdo não me querem dar desgostos e continuam os mesmos de sempre, com direito a “ah, cabra!” às duas da matina e tudo.

sábado, 11 de outubro de 2008

Em directo

- O que é que estás para aí a escrevinhar? – pergunta ela desviando o olhar da televisão.
Eu rio-me e digo uma meia verdade. É um texto para um blog. Não digo que tipo de texto nem de que blog se trata.
-Tu e os blogs. Eu não tinha paciência.
Levanta-se para ir buscar um pacote de amendoins e quando volta olha para mim com um ar intrigado.
-Mas tu escreves sobre o quê?
Respondo que neste momento estou a escrever acerca do que ela me estava a perguntar. Ela senta-se e carrega no play. E eu penso de mim para mim que se ela gostasse de blogs eu estava bem lixada e ia ter umas explicações interessantes a dar…

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Oh… que bom é não fazer nada!

Manhãs na cama, tardes de passeio e noites de conversa à lareira. Há lá coisa melhor para levantar a moral?
A Madalena tem sido fantástica. Além de me deixar usar a casa como “retiro espiritual” como está assim a modos como quase de férias tem-me feito muita companhia e tem-me ajudado a organizar as coisas na minha cabeça.
Já decidi que está na altura de mudar um bocadinho de ares e por isso vou procurar trabalho fora da terrinha. Já pedi ao Miguel para me avisar se souber de alguma coisa lá para Lisboa e já andei na Internet a cuscar o que há por aí.
Para poder andar para trás e para a frente vou pegar em parte do dinheiro que recebi e vou comprar um carrinho em segunda mão.
Já telefonei à minha senhoria a avisar que, embora não soubesse ao certo quando, ia deixar a casa e que se ela a quisesse mostrar a alguém enquanto eu ainda lá estou que esteja à vontade.
Lamento informar que as noites têm sido extremamente calmas sem sonhos menos próprios com a dona da casa o que me leva a pensar que eram mesmo saudades.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ana no campo

Como é que uma pessoa responsável lida com a pressão de ter toda a santa gente a perguntar-lhe o que vai fazer da vida agora que está desempregada?
Simples, pega no telefone, liga à amiga que vive mais longe dali e pergunta “posso ir visitar-te?”.
A isto não se chama fugir dos problemas… chama-se utilizar manobras evasivas na resolução de problemáticas.
Por isso cá estou eu, em terras nortenhas.
A viagem foi longa. Muito longa. Já me doía o rabo de estar sentada no banco do autocarro quando finalmente cheguei a Guimarães. Assim que desci os degraus ouvi logo um “ então, garota, o que é que aconteceu?”.
É uma das coisas importantes neste género de planos… há que ter a certeza que a pessoa a quem telefonamos a pedir guarida não nos vai dizer que não. Uma boa maneira de conseguir isso é dizer que se passou qualquer coisa mas não dizer o quê e rematar com um inocente “eu depois conto-te tudo quando aí estiver”. A curiosidade alheia é uma arma poderosa.
Lá contei tudo, todos os pormenores com muitos “ah grande gaja” pelo meio.
E pronto… vim finalmente conhecer a casa da Madalena.
Sim, dessa Madalena.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ana faz chantagem no escritório

Eu sou uma rapariga bem comportada. Digo obrigado e se faz favor. Dou o meu lugar às velhinhas no autocarro. Reciclo e trato bem os animais.
Normalmente não levanto problemas.
Não faço ondas.
Não reclamo.
Por isso percebo que tenha ficado surpreendido quando me viu entrar no escritório à hora de almoço. Percebo que tenha ficado até chocado quando me ouviu subir levemente o tom de voz. Percebo até que apesar de saber que tinha feito merda quando me apalpou o rabo horas antes não estivesse à espera que o metesse entre a espada e a parede daquela forma.
Quando naquela manhã o senti a entrar na sala das fotocópias e encostar-se a mim com a desculpa de que tinha de chegar aos papeis pensei em berrar alto e bom som que ele era um velho pervertido e que ia fazer queixa e tudo e tudo. Pensei em armar uma daquelas barracas bem grandes… mas quando senti a mão dele no meu rabo parei. Fechei a boca, dei meia volta e nem lhe disse nada.
Fui para a minha secretária e arrumei as coisas. Imprimi a listagem de clientes e arrumei-a na minha mala. Sentei-me e esperei que os meus colegas saíssem para almoçar.
Entrei no escritório e perguntei-lhe o que é que ele preferia… despedir-me e deixar-me seguir com a minha vidinha ou se era preciso eu despedir-me e explicar a toda a gente, incluindo todos os clientes da empresa, aos meus pais, à mulher e à filha dele a razão pela qual me tinha visto obrigada a abandonar assim o meu emprego.
Vi-o a engolir em seco e quando ele abriu a boca para argumentar tirei o telemóvel da mala e perguntei-lhe se ele preferia que eu começasse pelo meu pai, seu amigo de longa data ou pela filha dele, que tinha quase a minha idade.
Ainda tive de ouvir um pedido de desculpa manhoso e uma referência à saúde da mulher. Entrou a 100, saiu a 200.
Saí de lá com a carta de despedimento assinada e carimbada.
Acabou-se. Finalmente.