sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ana faz chantagem no escritório

Eu sou uma rapariga bem comportada. Digo obrigado e se faz favor. Dou o meu lugar às velhinhas no autocarro. Reciclo e trato bem os animais.
Normalmente não levanto problemas.
Não faço ondas.
Não reclamo.
Por isso percebo que tenha ficado surpreendido quando me viu entrar no escritório à hora de almoço. Percebo que tenha ficado até chocado quando me ouviu subir levemente o tom de voz. Percebo até que apesar de saber que tinha feito merda quando me apalpou o rabo horas antes não estivesse à espera que o metesse entre a espada e a parede daquela forma.
Quando naquela manhã o senti a entrar na sala das fotocópias e encostar-se a mim com a desculpa de que tinha de chegar aos papeis pensei em berrar alto e bom som que ele era um velho pervertido e que ia fazer queixa e tudo e tudo. Pensei em armar uma daquelas barracas bem grandes… mas quando senti a mão dele no meu rabo parei. Fechei a boca, dei meia volta e nem lhe disse nada.
Fui para a minha secretária e arrumei as coisas. Imprimi a listagem de clientes e arrumei-a na minha mala. Sentei-me e esperei que os meus colegas saíssem para almoçar.
Entrei no escritório e perguntei-lhe o que é que ele preferia… despedir-me e deixar-me seguir com a minha vidinha ou se era preciso eu despedir-me e explicar a toda a gente, incluindo todos os clientes da empresa, aos meus pais, à mulher e à filha dele a razão pela qual me tinha visto obrigada a abandonar assim o meu emprego.
Vi-o a engolir em seco e quando ele abriu a boca para argumentar tirei o telemóvel da mala e perguntei-lhe se ele preferia que eu começasse pelo meu pai, seu amigo de longa data ou pela filha dele, que tinha quase a minha idade.
Ainda tive de ouvir um pedido de desculpa manhoso e uma referência à saúde da mulher. Entrou a 100, saiu a 200.
Saí de lá com a carta de despedimento assinada e carimbada.
Acabou-se. Finalmente.

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